domingo, 10 de maio de 2009








COM MITOS NÃO SE BRINCA!!!

Na década de 70, numa época de poucas motos nas ruas, ouve-se um gostoso e estridente ronco esportivo de motor. O semáforo acende o verde e uma moto dispara, deixando um rastro “cheiroso e saudoso” de óleo dois tempos. Aquela pequena moto de 347 cc de cilindrada, escapamentos dimensionados, guidão tomazelli e reluzentes rodas de magnésio, largava na frente das “Sete Galo”, GT 380 e CB 500 e assim nascia um mito: a Viúva Negra.

Moto de passeio, mas com pedigree de pista, dotada de motor bicilindrico apimentado, câmbio de 6 velocidades, sistema autolube de lubrificação, freio a disco dianteiro ( nem tão esportivo...) e tambor traseiro, com 143 kg de peso, tanque com capacidade de 16 litros, ela assinaria sua sina de a perigosa YAMAHA RD 350. Seus felizes proprietários se excediam na pilotagem esportiva e o resultado nem sempre era o melhor, pois muita gente se acidentou em diversas partes do mundo.
Na época tive o prazer de ter uma mod. 1975, claro que nem tudo eram flores, pois as velas encharcavam, batia saia e economia de gasolina (e óleo dois tempos),não era a sua vocação. Mas “ a moto realmente disparava e não parava! “ e pior que com todo aquele ímpeto característico da juventude, nem percebíamos os riscos!

O tempo pode passar mas a saudade não. Recentemente pude reencontrar-me com a mitológica máquina, acertei com seu proprietário, pois a moto viria de Santos para ser testada em São Paulo, e ele um fanático pela marca ( tem três vedetes RD 350 em sua garagem!) me emprestaria a mais bonita e conservada da coleção. Toda original esta escolhida para a matéria está em suas mãos há 22 anos!!!






Confesso que meu coração disparou quando dei a partida no mais prazeroso estilo: “dá-lhe no pedal ! “ . Pude sentir a pulsação do motor e a vibração de todos os outros componentes da moto, o contagiros com ponteiro agulha subindo e o cheiro do óleo me remetia instantaneamente à 30 anos... E com toda certeza,os deuses do motociclismo estavam felizes naquela manhã ensolarada de domingo, e o local escolhido, nem preciso dizer: o Ibirapuera.

Toquei forte e constatei que moto continua andando muito (e freando, quase nada!). Rodando em baixa, nada de tão especial, mas passando dos 5.000 giros ela mostra sem pudores a sua cavalaria e é exatamente aí que mora o perigo!

Na avenida 23 de Maio, pude relembrar por alguns segundo dos freios das superesportivas atuais e imaginei o que realmente aconteceria se tivesse que “alicatar” aquela pimentinha. Bastou este lampejo de memória para desacelerar e curtir a paisagem !

Afinal quem sou eu para brincar com mitos?

Por: Dinno Benzatti

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